PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, por Carlos Miranda – Não alimente os caluniadores. Gerencie diariamente nas mídias sociais o que e como estão falando de você

Nunca me esqueço de uma das primeiras viagens que fiz sozinho para o exterior. Eu estava em Buenos Aires. Como sempre gostei de acordar cedo, fui caminhar de madrugada pelo centro da cidade e fiquei super impressionado com a quantidade de pessoas paradas ao lado da banca de jornal que recebia a primeira tiragem do El Clarín. Lembro-me da imagem de senhores engravatados ávidos pelas novidades e imediatamente comentando as mesmas. Naquela época, a Argentina vivia a esperança da transição da ditadura militar para uma nova era democrática.

Essa lembrança mostra como nos relacionávamos com as notícias no passado: como a velocidade era mais lenta, como os relatos tinham um caráter oficial (no passado, sempre havia uma entidade responsável pelas notícias) e como, em função desses fatores, tínhamos a capacidade de absorver, digerir e só então nos manifestarmos dentro da comunidade ou universo que compunha a nossa rede de relacionamento ou área de atuação.

Se compararmos essa dinâmica com os dias atuais, veremos diferenças abissais no comportamento das pessoas. Hoje recebemos “notícias” e “informações” das mais variadas fontes e em uma velocidade absurdamente alta. Essas fontes podem ser oficiais, oficiosas e fantasiosas. Mas, como são “transportadas” por mídias oficiais, normalmente damos credibilidade a todas indistintamente.

Pior que isso: sem checar a veracidade das notícias, as pessoas postam, repostam, comentam, julgam e condenam sem assumir a menor responsabilidade pelas as consequências desses atos. Na sociedade em que vivemos hoje, parece que as pessoas descobriram que têm direitos, mas ainda não perceberam que devem exercitar também os seus deveres. Por conta disso, temos visto verdadeiros linchamentos públicos de pessoas, marcas, ideias e valores. Existem ainda grupos e pessoas mal intencionadas que usam essa “viralidade” e essa ingenuidade coletiva para tirar proveito dos linchamentos virtuais.

Por essas razões, as empresas hoje devem ter contato redobrado com o que falam, para quem falam e por quais mídias se comunicam. Elas devem gerenciar o tempo todo como sua marca está sendo tratada pelas mídias sociais e ter planos de contingência para casos de viralização de calúnias, cada vez mais presentes nos nossos tempos. Não há fórmulas mágicas para se evitar esse tipo de situação, mas posso dar algumas dicas, em função de alguns casos que já presenciei.

1. Certifique-se sempre do caráter de seus potenciais parceiros de negócios.

2. Evite falar em nome de sua empresa pelas mídias sociais ou pelas ferramentas de mensagens, mesmo que seja um brainstorm; essas atividades podem gerar polêmicas ou ser manipuladas para uso contra a sua marca.

3. Gerencie diariamente nas mídias sociais o que e como estão falando de você.

4. Se perceber o início de alguma onda contra a sua marca, não tenha medo de falar diretamente com as pessoas que estão falando de você. Saiba que elas provavelmente (desde que você esteja certo) foram manipuladas emocionalmente e reagiram usando o poder que as novas mídias deram a elas.

5. Avalie se vale a pena um esclarecimento público. Embora eu acredite e recomende que se fale publicamente e oficialmente sobre qualquer assunto, em alguns casos isso pode repercutir mais ainda e alimentar os caluniadores de plantão.

6. Se você estiver errado ou identificou na crise uma oportunidade de melhoria, não tenha medo de mostrar publicamente a sua mudança de postura.

7. Não tenha medo de responsabilizar judicialmente os eventuais responsáveis por esse tipo de irresponsabilidade.

Ver matéria original: https://revistapegn.globo.com/Colunistas/Carlos-Miranda/noticia/2016/07/7dicas-para-nao-ser-vitima-de-difamacao-nas-redes-sociais.html