PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, por Carlos Miranda – Empresários responsáveis evitam a companhia de indivíduos que tenham atitudes e valores éticos duvidosos

“Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Hoje acordei pensando nessa frase, que a minha mãe sempre repetia quando conversava comigo a respeito de minhas amizades e escolhas. Confesso que, durante muito tempo, principalmente na fase de maior rebeldia, achava essa frase um tanto quanto preconceituosa. Na minha visão, o ditado ia contra a proposta de diversidade, algo em que sempre acreditei.

No entanto, após alguns anos observando as pessoas, verifiquei que a maneira como elas escolhem seus amigos pode nos ajudar a entendê-las. Não me refiro aqui a percepções rasas e preconceituosas, mas sim a valores éticos e morais que regem o comportamento das pessoas.

Tenho muita dificuldade em aceitar que alguém divida a sua vida, seus sonhos e seus problemas com um indivíduo que tenha procedimentos éticos duvidosos, alegando que aquele convívio lhe faz bem. Quando escolhemos dedicar nosso tempo a alguém com essas características, estamos deixando de dispensar aquele mesmo tempo a amigos com princípios éticos e responsabilidade social, entre outras características.

Mais uma vez ressalto que não estou tratando de temas rasos, mas sim de atitudes e valores éticos. É claro que o amigo de um contraventor não é necessariamente um contraventor. Mas não se pode negar que quem faz a escolha por manter esse tipo de convivência  – e, por tabela, gozar de qualquer benefício oriundo desse convívio, mesmo que seja só uma agradável tarde em um café – deve, no mínimo, ser observado com cautela.

Sei que há outros fatores que fazem com que nos aproximemos de alguém, mas saber filtrar com quem nos relacionamos de maneira disciplinada também é um indício de caráter fortalecido. Isso vale mais ainda para as nossas relações de negócios – ou seja, para as empresas ou pessoas que escolheremos como parceiros comerciais.

No momento em que vivemos, com escândalos, corruptores e corruptos por todos os lados, eu diria que fazer esse “filtro” é uma questão de sobrevivência. Só dessa maneira é possível proteger a sua marca pessoal, profissional e empresarial. Há hoje no mercado uma grande quantidade de parceiros comerciais que agem de acordo com o que eu chamo de ética social – com responsabilidade social e ambiental, e sem recorrer a atalhos ilegais. Assim, temos total liberdade para escolher com quem iremos “andar”.

Em países onde a sociedade está mais atenta à ética, essas questões podem ser decisivas: um negócio pode ser penalizado ou premiado por conta da atitude de seus fornecedores e parceiros comerciais. Hoje, no Brasil, estamos acompanhando o que algumas grandes corporações têm feito há décadas, apoiadas por suas relações com indivíduos e empresas de reputação duvidosa.

Cabe aos empreendedores brasileiros, que já são experts em administrar recursos escassos, saber administrar o recurso mais finito que existe: o seu tempo. Este deve ser dedicado a pessoas e fornecedores que estejam em linha com os seus valores éticos e morais. Fazendo isso, posso assegurar que teremos cada vez mais um grupo de empresários e empresas ajudando a acabar com uma das maiores mazelas de nosso país – a corrupção.

Ver matéria original: https://revistapegn.globo.com/Colunistas/Carlos-Miranda/noticia/2015/03/diga-me-com-quem-andas.html