PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, por Carlos Miranda – Em um país dividido, as maiores oportunidades estão nos negócios que valorizam o coletivo

Estamos entrando em novembro, o que significa que 2014 já acabou. Tivemos um ano intenso, com alegrias e tristezas pessoais e coletivas, marcadas por eventos como manifestações, escândalos, Copa do Mundo e eleições. Esses acontecimentos provocaram reações que deixaram mais claro algo que já era observado de forma empírica: o quanto precisamos evoluir para termos uma sociedade menos dividida – ou, no mínimo, mais coletiva e menos individualista.

A tão falada divisão do Brasil não é novidade: basta observar a luta diária entre motoboys querendo destruir carrões e os donos desses, que vêem acidentes e mortes de “motoqueiros” como algo merecido. Da mesma forma, é possível observar a divisão entre os eventos que nos trouxeram tantas esperanças – os avanços em tecnologia, recursos humanos e redes sociais, entre outros – e aqueles que nos levaram de volta ao passados – como a corrupção, que segue a velha fórmula do dinheiro na mala, do encontro frente a frente e do binômio corrupto x corruptor.

Dentro desses processos que vivemos e dos resultados observados, o pedido por mudanças foi, tem sido e será sempre a única e principal unanimidade. Não quero aqui defender uma posição fatalista ou derrotista, mas gostaria de lembrar a todos que as mudanças que tanto reclamamos não serão operadas por uma entidade ou divindade, mas sim por um conjunto de atitudes diárias (pequenas ou grandes) dentro de nossas casas e negócios.

E é exatamente aí que residem as grandes responsabilidades e oportunidades para a comunidade empreendedora, que pode começar a virar esse jogo – tanto criando novos negócios que fomentem o coletivo, quando comandando suas empresas de forma ética, e criando maneiras de participar da mudança.

O ser humano passou a viver coletivamente para ficar mais forte, se defender (da natureza ou dos inimigos) e para progredir. Como a comunidade sempre foi fator determinante para que esses objetivos fossem atingidos, fortalecer essa comunidade passou a ser fundamental para que pudessem prosperar como indivíduos. Quando essa comunidade toma a dimensão de cidades e países, alguns esquecem da importância da força do coletivo. No momento em que isso acontece, adotamos dinâmicas individualistas, que emperram qualquer desenvolvimento.

No entanto, a nossa natureza leva ao coletivo. Mesmo em uma sociedade transformada pela tecnologia, a tendência a agregar continua, seja no modelo de crowdfunding, nas compras coletivas, nas redes sociais, nas comunidades de prestadores de serviços ou no compartilhamento de conhecimento.

Entendo que é exatamente aí onde residem as grandes oportunidades para os empreendedores que estão de olho no futuro. Trabalhar essa necessidade que está cristalizada em nosso DNA. Estruturar negócios onde a força esteja baseada no coletivo; empresas que, para serem bem-sucedidas, dependam da vitória da comunidade. Dessa maneira, além de aproveitar o universo de oportunidades que se apresentarão, poderemos resgatar nas pessoas valores que já foram esquecidos e que serão fundamentais para a criação de um mundo melhor.

Ver matéria original: https://revistapegn.globo.com/Colunistas/Carlos-Miranda/noticia/2014/11/dividir-ou-agregar.html