PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, por Carlos Miranda – O empreendedor arrogante, que despreza o concorrente, corre o risco de sofrer perdas irreversíveis

Tenho pensado muito no quanto a vaidade pode prejudicar a carreira das pessoas e os negócios de muitos empreendedores. Segundo um dicionário online, “Vaidade é uma característica daquilo que é vão; que não possui conteúdo e se baseia numa aparência falsa, mentirosa”. Durante minha trajetória profissional, já vi importantes executivos sucumbirem por terem se apegado a aparências falsas e mentirosas que não agregavam nenhum valor às suas vidas pessoal, profissional ou financeira. Serviam apenas para alimentar esse excesso de valor dado à fachada nos dias de hoje.

Lembro-me muito bem de um executivo que, depois de uma importante promoção, surtou ao ver que tinha uma sala de poucos metros quadrados, menor que a do seu colega que ocupava um cargo similar. Esse surto custou-lhe alguns inimigos e rendeu péssimas avaliações de seus superiores quanto à sua inteligência emocional. Esse acontecimento, aliado a outros desvios causados por sua vaidade, resultou em um estancamento de uma carreira que poderia ter sido brilhante.

No universo dos empreendedores, esse problema não é menor. E, ao contrário do que se pensa, pode se agravar ainda mais quando eles são bem-sucedidos. Um caso recorrente é o do empreendedor que, depois de acumular muitos sucessos, não consegue admitir que um concorrente, que antes era menor, esteja fazendo um trabalho melhor que o dele, ou esteja ganhando mais market share. Empreendedores com essa característica tendem a passar longos períodos blasfemando contra seu concorrente e criticando todos os aspectos do seu negócio – sejam relativos à ética, à qualidade de produtos e serviços, ou à inovação.

Esse tipo de comportamento, em vez de conduzir a uma reação positiva, que leve a uma manutenção e conquista de mercado, acaba produzindo uma postura arrogante, de desprezo ao concorrente. Essa inércia provavelmente trará perdas muito difíceis de serem revertidas, ou até mesmo completamente irreversíveis.

De acordo com a Wikipédia, vaidade é sinônimo de orgulho, ostentação, presunção, futilidade, soberba ou amor próprio, e pode ser definida como o desejo de atrair a admiração das outras pessoas. Veja que armadilha isso pode ser para o empreendedor. É lógico que nós desejamos o reconhecimento de nosso trabalho e queremos que nossa empresa seja admirada por clientes, colaboradores e parceiros. E trabalhamos diariamente para que isso aconteça. No entanto, essa apreciação que buscamos deve ser altruísta e focada na empresa (que, como sempre falo, deve ser criada para cada dia pertencer menos a você), e nunca deve ser confundida com encantamento pelo empreendedor.

Outro risco da vidade: quantos negócios são destruídos por empreendedores que usam a empresa para manter e ostentar um padrão de vida não compatível com o tamanho dos mesmos, gerando custos e dívidas que não se sustentarão ao longo do tempo? Enfim, o que é vão não possui conteúdo, é falso, não dura, não se sustenta. É como um vício, que ao longo do tempo aumenta a nossa dependência e nos custa cada vez mais caro.

Ver matéria original: https://revistapegn.globo.com/Colunistas/Carlos-Miranda/noticia/2015/04/voce-e-vaidoso-cuidado.html