PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, por Carlos Miranda – Cuidado com o excesso de autoestima que beira a arrogância do “eu sei tudo”

Há alguns dias almocei com um empreendedor muito especial. Obstinado, ele é dono de uma inteligência muito acima da média, apesar de ainda precisar de foco em suas ações.

Em uma de nossas reuniões de mentoria, a angústia do empreendedor era tentar descobrir a razão de ele não conseguir transformar o QI de que tanto se orgulha em receita para seu negócio.

Outro dia eu estava pensando no tema de meu artigo desse mês e ele me sugeriu o seguinte caminho: o que os empreendedores podem aprender com o ‘tiozinho’ (termo dele) da padaria, da doceria, etc.

A primeira coisa que pensei é o quanto alguns empreendedores são encantados com a sua própria inteligência.

Não falo isso no sentido pejorativo. Mas no sentido de que vários foram tão bem sucedidos com provas, vestibulares, testes de QI, faculdade, MBA. E, que por isso, passaram a associar inteligência técnica, sucesso nas provas ou na vida acadêmica com o sucesso de empreender.

Essa competência, de alguma forma, cria nessas pessoas uma das piores coisas que o empreendedor deve ter – o excesso de autoestima que beira a arrogância do “eu sei tudo”.

Isso não é nenhuma agressão ao meu amigo empreendedor – e que tenho o maior prazer de dar mentoria –, mas sim um puxão de orelha. E que ele gosta de receber. Não por ser masoquista, mas por ser inteligente em perceber onde quero chegar com ele.

Esse puxão se orelhas existe por

dois motivos: primeiro por ele achar que pode tudo e, segundo, por não perceber que parte da resposta de sua angustia estava lá, exatamente na sua sugestão se artigo.

Vamos lá então às respostas sobre o que devemos aprender com os empreendedores mais “simples”:

1. O seu foco é vender, estar ao lado do seu cliente, olho no olho. Aprende diariamente o que o consumidor deseja e sabe ajustar o seu negócio rapidamente, de acordo com esse desejo.

2. Eles são humildes e não tem vergonha de perguntar. A maioria dos empreendedores bem sucedidos que conheço pergunta, pergunta e pergunta.

3. Na maior parte do seu tempo, ele está com a “mão na massa”. Lembra a velha máxima sobre o olho do dono? Então, esses empreendedores estão lá, diariamente com o negócio nas mãos.

4. Não vivem de aparência e tem hábitos pessoais simples, sem ver o negócio como um provedor de aparências. O mais interessante é que esses empreendedores carregam esses hábitos para o resto da vida. Sabem aproveitar para si e não para ostentar. Como diz Deepak Chopra: “Você passa a sua vida, comprando coisas que não precisa, para mostrar para pessoas das quais você não gosta”.

5. Eles não têm medo de perder dinheiro porque já começaram de baixo.

Finalmente, se você é um desses empreendedores que se acham uma “elite intelectual”, que nunca acordaram no meio da noite, suando com medo de não conseguir pagar as suas contas, que nunca emitiu uma nota fiscal, que nunca andou no sol e nem pegou ônibus, corra!

Vá conhecer o mundo: visite centros populares de compras, converse com esses empreendedores e observe a operação: veja como é o verdadeiro Brasil, qual a necessidade e o gosto real das pessoas. Você vai se impressionar com tudo o que vai aprender.

Ver matéria original: https://revistapegn.globo.com/Colunistas/Carlos-Miranda/noticia/2015/09/voce-se-acha-inteligente-demais-pense-bem.html